Desejo desejos frescos, revigorados, restaurados dentro de
uma esperança que faz cosquinha e arranca riso, que faz o riso virar lar.
Desejo abrir os frascos das vontades guardadas, das
querências amassadas, das promessas vencidas e libertar tudo o que ainda
aprisiona o que sinto.
Desejo um olhar novo
todo dia, que não se canse mesmo quando os amanheceres não acordem uma manhã de
sol.
Desejo confiança nas voltas do mundo, desejo menos pessoas
rasas e mais sentimentos profundos.
Desejo saber-me também através dos outros, desejo
completar-me através de mim, desejo tornar o sim uma visita frequente nas
minhas decisões, as vestindo de consequências positivas.
Desejo permanecer intuitiva, continuar viva dentro de alguma
poesia, de todas as músicas, de algumas ondas, de tantos amores, tornando minha
realidade lúdica a cada respiração do tempo.
Desejo colo do destino, cafuné que faz sonhar antes de
dormir.
Desejo encontros, encantos, embalos e qualquer movimento que
facilite meu acesso à paz.
Desejo mais mãos dadas e menos julgamento, mais riso frouxo
e menos cobrança, mais passeios dentro da nossa criança para perceber-nos
frágeis.
Desejo colecionar horizontes para entender o por do sol e
assim, saber o valor de cada nova manhã.
Desejo que minhas escolhas dancem no ritmo da sorte e que
meu norte não se distancie do caminho, acreditando nos atalhos do coração que
me guiam rumo à direção que acolhi por dentro.
Desejo aceitar a
falta de resposta para os assuntos que ainda não sei formular as perguntas.
Desejo vagar dentro dos meus desejos, devagar, para
percebê-los tão meus que já se solidificam dentro dos sonhos.
Desejo que as decepções não cortem tanto e que se assim for,
que todo o pranto se converta em lição bem bonita, que daria até pra fazer uma
melodia.
Porque nada melhor que fazer ironia com a tristeza para diminuir o
aperto das dúvidas da vida.
Desejo que, sempre que o silêncio for maior e o choro
engasgar a garganta da alma, eu possa ter a serenidade de saber-me eu,
resgatando de dentro a força que me habita e descansa, por vezes, em algum
canto dormente do meu corpo.
Desejo sabedoria para analisar corretamente os desvios,
desejo um oceano inteiro e seus desafios e não somente costear as
possibilidades mais valiosas que eu me deparar pela frente.
Desejo céu com cortina de estrelas pra iluminar mais os
medos que acordam de noite.
Desejo estar mais relaxada dentro de mim, sabendo-me normal
dentro das minhas fraquezas.
Desejo seguir vivendo assim, de maneira intensa que mais
parece levar um mês dentro de um dia, que gosta de pescar nostalgia boa pra
tornar lembrança presente de novo.
Desejo jogar a rede
no mar para arrastar pra perto um tanto de afeto que estava afogado.
Que estejamos abertos, que saibamos o alfabeto inteiro antes
de pronunciar as palavras.
Que estejamos atentos para saber perceber que dentro de um
olhar inteiro, pode se pronunciar também tudo que não é dito.
E desejo nunca perder esse meu jeito exagerado e até meio
desajeitado de querer abraçar o mundo, de cuidar de todos, mesmo quando muitas
vezes esqueça de mim.
Desejo sinceramente um “novo ano novo”, onde possamos
gentilmente abrir mão do “não” e saber-nos gratidão dentro da simplicidade de
um sim...
Lilian Vereza
Lilian Vereza
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