segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

6 de janeiro: Dia de Reis

"A viagem dos Magos" (1894), Jacques-Joseph Tissot (1836-1902), pintor francês.


O Dia de Reis, segundo a tradição cristã seria aquele em que Jesus Cristo, recém-nascido, recebera a visita de "alguns magos do Oriente", denominados os  três Reis Magos, e que ocorrera no dia 6 de janeiro.

A data marca, para os católicos, o dia para a veneração aos Reis Magos, que a tradição surgida no século VIII converteu nos santos Belchior, Gaspar e Baltazar.  Nesta data, ainda, encerram-se para os católicos os festejos natalícios - sendo o dia em que são desarmados os presépios e por conseguinte são retirados todos os enfeites natalícios.

Os 3 magos são mencionados em apenas um dos quatro evangelhos, o de Mateus. Nos 12 versículos em que trata do assunto, Mateus não especifica o número deles. Sabe-se apenas que eram mais de um, porque a citação está no plural - e não há nenhuma menção de que eram reis.
 Evangelho de São Mateus:


“1. Tendo, pois, Jesus nascido em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que magos vieram do oriente a Jerusalém.
“2. Perguntaram eles: Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo.
“3. A esta notícia, o rei Herodes ficou perturbado e toda Jerusalém com ele.
“4. Convocou os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo e indagou deles onde havia de nascer o Cristo.
“5. Disseram-lhe: Em Belém, na Judéia, porque assim foi escrito pelo profeta:
“6. E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as cidades de Judá, porque de ti sairá o chefe que governará Israel, meu povo(Miq 5,2).
“7. Herodes, então, chamou secretamente os magos e perguntou-lhes sobre a época exata em que o astro lhes tinha aparecido.
“8. E, enviando-os a Belém, disse: Ide e informai-vos bem a respeito do menino. Quando o tiverdes encontrado, comunicai-me, para que eu também vá adorá-lo.
“9. Tendo eles ouvido as palavras do rei, partiram. E eis que e estrela, que tinham visto no oriente, os foi precedendo até chegar sobre o lugar onde estava o menino e ali parou.
“10. A aparição daquela estrela os encheu de profunda alegria.
“11. Entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se diante dele, o adoraram. Depois, abrindo seus tesouros, ofereceram-lhe como presentes: ouro, incenso e mirra.
“12. Avisados em sonhos de não tornarem a Herodes, voltaram para sua terra por outro caminho.” (São Mateus, cap. 2, 1ss)
"Não há evidência histórica da existência dessas pessoas", diz André Chevitaresse, professor de História Antiga da Universidade Federal do Rio de Janeiro. "São personagens criados pelo evangelista Mateus para simbolizar o reconhecimento de Jesus por todos os povos." 

De qualquer forma, a tradição permaneceu viva e foi apenas no século III que eles receberam o título de reis - provavelmente como uma maneira de confirmar a profecia contida no Salmo 72: "Todos os reis cairão diante dele". Cerca de 800 anos depois do nascimento de Jesus, eles ganharam nomes e locais de origem: Melchior, rei da Pérsia; Gaspar, rei da Índia; e Baltazar, rei da Arábia.

Em hebreu, esses nomes significavam "rei da luz" (melichior), "o branco" (gathaspa) e "senhor dos tesouros" (bithisarea). Quem hoje for visitar a catedral de Colônia, na Alemanha, será informado de que ali repousam os restos dos reis magos. 

De acordo com uma tradição medieval, os magos teriam se reencontrado quase 50 anos depois do primeiro Natal, em Sewa, uma cidade da Turquia, onde viriam a falecer. Mais tarde, seus corpos teriam sido levados para Milão, na Itália, onde permaneceram até o século 12, quando o imperador germânico Frederico dominou a cidade e trasladou as urnas mortuárias para Colônia. 

"Não sei quem está enterrado lá, mas com certeza não são eles", diz o teólogo Jaldemir Vitório, do Centro de Estudo Superiores da Companhia de Jesus, em Belo Horizonte. "Mas isso não diminui a beleza da simbologia do Evangelho de Mateus ao narrar o nascimento de Cristo." Afinal, devemos aos magos até a tradição de dar presentes no Natal. No ritual da antigüidade, ouro era o presente para um rei. Incenso, para um religioso. E mirra, para um profeta (a mirra era usada para embalsamar corpos e, simbolicamente, representava a mortalidade).

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