domingo, 25 de outubro de 2009

Fechando círculos


"É preciso saber sempre quando se acaba uma etapa da vida.

Se insistirmos em permanecer nela, depois do tempo necessário, perderemos a alegria e o sentido do resto.

Fechando círculos, fechando portas ou fechando capítulos,como queiram chamar, o importante é poder fechá-los,deixar ir momentos da vida que vão se enclausurando.

Terminou seu trabalho? Acabou a relação? Já não mora mais nessa casa? Deve viajar?

Você pode passar muito tempo do seu presente dando voltas ao passado, tentando modificá-lo...

O desgaste será infinito,porque na vida, você, seus amigos, filhos, irmãos,todos estamos destinados a fechar capítulos,virar páginas, terminar etapas ou momentos da vida,e seguir adiante.

Não podemos estar no presente sentindo falta do passado.O que aconteceu, aconteceu.Não podemos ser filhos para sempre, nem adolescentes eternos, nem empregados de empresas inexistentes,nem ter vínculos com quem não quer estar vinculado a nós.

Os acontecimentos passam e temos que deixá-los ir!

Por isso, às vezes é tão importante esquecer de lembrar,trocar de casa, rasgar papéis, jogar fora presentes desbotados, dar ou vender livros...

As mudanças externas podem simbolizar processos interiores de superação.Deixar ir, soltar, desprender-se...Na vida ninguém joga com cartas marcadas,e tem que aprender a perder e a ganhar.

O passado passou: não espere que o devolvam.Também não espere reconhecimento,ou que saibam quem você é.

A vida segue para frente, nunca para trás.Se você anda pela vida deixando portas abertas nunca poderá desprender-se, nem viver o hoje com satisfação.

Namoros ou amizades que não se fecham,possibilidades de regresso a quê?

Necessidade de esclarecimentos,palavras que não foram ditas, silêncios...

Se você pode enfrentá-los agora, que o faça!Não por orgulho ou soberba,mas porque você já não se encaixa ali,naquele lugar, naquele coração, naquela casa,naquele escritório, naquele cargo...

Você já não é o(a) mesmo(a) que foi há dois dias,há três anos, há uma década... portanto,nada tem que voltar.
Feche a porta, vire a página, feche o círculo!Você nunca será o mesmo,nem o mundo à sua volta, porque a vida não é estática.

É para sua saúde mental, é ter amor por você mesmo,desprender-se do que já não está em sua vida.

Lembre-se de que nada, nem ninguém, é indispensável.

É um trabalho pessoal aprender a viver com o que dói, deixar-se ir. É processo de aprender a desprender-se.E isso ajudará definitivamente a seguir para frente com tranquilidade.

Essa é a vida!"
desconheço a autoria

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Contrários


Só quem já provou a dor

Quem sofreu, se amargurou

Viu a cruz e a vida em tons reais


Quem no certo procurou


Mas no errado se perdeu

precisou saber recomeçar


Só quem já perdeu na vida sabe o que é ganhar


Porque encontrou na derrota o motivo para lutar


E assim viu no outono a primavera

Descobriu que é no conflito que a vida faz crescer


Que o verso tem reverso

Que o direito tem avesso

Que o de graça tem seu preço

Que a vida tem contrários

E a saudade é um lugar

Que só chega quem amou

E que o ódio é uma forma tão estranha de amar


Que o perto tem distâncias

E que esquerdo tem direito

Que a resposta tem pergunta

E o problema solução

E que o amor começa aqui

No contrário que há em mim

E a sombra só existe quando existe alguma luz.


Só quem soube duvidar

Pôde enfim acreditar

Viu sem ver e amou sem aprisionar


Quem no pouco se encontrou

Aprendeu multiplicar

Descobriu o dom de eternizar


Só quem perdoou na vida sabe o que é amar

Porque aprendeu que o amor só é amor

Se já provou alguma dor

E assim viu grandeza na miséria

Descobriu que é no limite

Que o amor pode nascer

Pe. Fábio de Melo

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Miss Imperfeita

'Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes.

Sou a Miss Imperfeita, muito prazer.Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado três vezes por semana, decido o cardápio das refeições, levo os filhos no colégio e busco, almoço com eles, estudo com eles, telefono para minha mãe todas as noites, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos, participo de eventos e reuniões ligados à minha profissão e ainda faço escova toda semana - e as unhas!


E, entre uma coisa e outra, leio livros.Portanto, sou ocupada, mas não uma workaholic.


Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.Primeiro: a dizer NÃO.Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO.


Culpa por nada, aliás.


Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.


Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros.Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.


Você não é Nossa Senhora.


Você é, humildemente, uma mulher. E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante.


Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável.


É ter tempo.


Tempo para fazer nada. Tempo para fazer tudo. Tempo para dançar sozinha na sala. Tempo para bisbilhotar uma loja de discos. Tempo para sumir dois dias com seu amor.


Três dias.


Cinco dias!


Tempo para uma massagem. Tempo para ver a novela. Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza. Tempo para fazer um trabalho voluntário. Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.Tempo para conhecer outras pessoas. Voltar a estudar. Para engravidar. Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.


Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.


Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.


Existir, a que será que se destina?


Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.


A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada.Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.


Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo! Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente. Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que se lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir dessa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.


Desacelerar tem um custo.Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.


Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.


E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'.


Texto da Martha Medeiros publicado na Revista do O Globo.