sexta-feira, 17 de janeiro de 2014



Dos desejos novos…

Desejo desejos frescos, revigorados, restaurados dentro de uma esperança que faz cosquinha e arranca riso, que faz o riso virar lar.

Desejo abrir os frascos das vontades guardadas, das querências amassadas, das promessas vencidas e libertar tudo o que ainda aprisiona o que sinto.

Desejo um olhar novo todo dia, que não se canse mesmo quando os amanheceres não acordem uma manhã de sol. 

Desejo confiança nas voltas do mundo, desejo menos pessoas rasas e mais sentimentos profundos. 

Desejo saber-me também através dos outros, desejo completar-me através de mim, desejo tornar o sim uma visita frequente nas minhas decisões, as vestindo de consequências positivas.

Desejo permanecer intuitiva, continuar viva dentro de alguma poesia, de todas as músicas, de algumas ondas, de tantos amores, tornando minha realidade lúdica a cada respiração do tempo. 

Desejo colo do destino, cafuné que faz sonhar antes de dormir. 

Desejo encontros, encantos, embalos e qualquer movimento que facilite meu acesso à paz. 

Desejo mais mãos dadas e menos julgamento, mais riso frouxo e menos cobrança, mais passeios dentro da nossa criança para perceber-nos frágeis.
Desejo colecionar horizontes para entender o por do sol e assim, saber o valor de cada nova manhã.

Desejo que minhas escolhas dancem no ritmo da sorte e que meu norte não se distancie do caminho, acreditando nos atalhos do coração que me guiam rumo à direção que acolhi por dentro.

Desejo aceitar a falta de resposta para os assuntos que ainda não sei formular as perguntas. 

Desejo vagar dentro dos meus desejos, devagar, para percebê-los tão meus que já se solidificam dentro dos sonhos. 

Desejo que as decepções não cortem tanto e que se assim for, que todo o pranto se converta em lição bem bonita, que daria até pra fazer uma melodia.
Porque nada melhor que fazer ironia com a tristeza para diminuir o aperto das dúvidas da vida.

Desejo que, sempre que o silêncio for maior e o choro engasgar a garganta da alma, eu possa ter a serenidade de saber-me eu, resgatando de dentro a força que me habita e descansa, por vezes, em algum canto dormente do meu corpo. 

Desejo sabedoria para analisar corretamente os desvios, desejo um oceano inteiro e seus desafios e não somente costear as possibilidades mais valiosas que eu me deparar pela frente.

Desejo céu com cortina de estrelas pra iluminar mais os medos que acordam de noite. 

Desejo estar mais relaxada dentro de mim, sabendo-me normal dentro das minhas fraquezas. 

Desejo seguir vivendo assim, de maneira intensa que mais parece levar um mês dentro de um dia, que gosta de pescar nostalgia boa pra tornar lembrança presente de novo.

Desejo jogar a rede no mar para arrastar pra perto um tanto de afeto que estava afogado. 

Que estejamos abertos, que saibamos o alfabeto inteiro antes de pronunciar as palavras. 

Que estejamos atentos para saber perceber que dentro de um olhar inteiro, pode se pronunciar também tudo que não é dito. 

E desejo nunca perder esse meu jeito exagerado e até meio desajeitado de querer abraçar o mundo, de cuidar de todos, mesmo quando muitas vezes esqueça de mim. 

Desejo sinceramente um “novo ano novo”, onde possamos gentilmente abrir mão do “não” e saber-nos gratidão dentro da simplicidade de um sim...

Lilian Vereza

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

6 de janeiro: Dia de Reis

"A viagem dos Magos" (1894), Jacques-Joseph Tissot (1836-1902), pintor francês.


O Dia de Reis, segundo a tradição cristã seria aquele em que Jesus Cristo, recém-nascido, recebera a visita de "alguns magos do Oriente", denominados os  três Reis Magos, e que ocorrera no dia 6 de janeiro.

A data marca, para os católicos, o dia para a veneração aos Reis Magos, que a tradição surgida no século VIII converteu nos santos Belchior, Gaspar e Baltazar.  Nesta data, ainda, encerram-se para os católicos os festejos natalícios - sendo o dia em que são desarmados os presépios e por conseguinte são retirados todos os enfeites natalícios.

Os 3 magos são mencionados em apenas um dos quatro evangelhos, o de Mateus. Nos 12 versículos em que trata do assunto, Mateus não especifica o número deles. Sabe-se apenas que eram mais de um, porque a citação está no plural - e não há nenhuma menção de que eram reis.
 Evangelho de São Mateus:


“1. Tendo, pois, Jesus nascido em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que magos vieram do oriente a Jerusalém.
“2. Perguntaram eles: Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo.
“3. A esta notícia, o rei Herodes ficou perturbado e toda Jerusalém com ele.
“4. Convocou os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo e indagou deles onde havia de nascer o Cristo.
“5. Disseram-lhe: Em Belém, na Judéia, porque assim foi escrito pelo profeta:
“6. E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as cidades de Judá, porque de ti sairá o chefe que governará Israel, meu povo(Miq 5,2).
“7. Herodes, então, chamou secretamente os magos e perguntou-lhes sobre a época exata em que o astro lhes tinha aparecido.
“8. E, enviando-os a Belém, disse: Ide e informai-vos bem a respeito do menino. Quando o tiverdes encontrado, comunicai-me, para que eu também vá adorá-lo.
“9. Tendo eles ouvido as palavras do rei, partiram. E eis que e estrela, que tinham visto no oriente, os foi precedendo até chegar sobre o lugar onde estava o menino e ali parou.
“10. A aparição daquela estrela os encheu de profunda alegria.
“11. Entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se diante dele, o adoraram. Depois, abrindo seus tesouros, ofereceram-lhe como presentes: ouro, incenso e mirra.
“12. Avisados em sonhos de não tornarem a Herodes, voltaram para sua terra por outro caminho.” (São Mateus, cap. 2, 1ss)
"Não há evidência histórica da existência dessas pessoas", diz André Chevitaresse, professor de História Antiga da Universidade Federal do Rio de Janeiro. "São personagens criados pelo evangelista Mateus para simbolizar o reconhecimento de Jesus por todos os povos." 

De qualquer forma, a tradição permaneceu viva e foi apenas no século III que eles receberam o título de reis - provavelmente como uma maneira de confirmar a profecia contida no Salmo 72: "Todos os reis cairão diante dele". Cerca de 800 anos depois do nascimento de Jesus, eles ganharam nomes e locais de origem: Melchior, rei da Pérsia; Gaspar, rei da Índia; e Baltazar, rei da Arábia.

Em hebreu, esses nomes significavam "rei da luz" (melichior), "o branco" (gathaspa) e "senhor dos tesouros" (bithisarea). Quem hoje for visitar a catedral de Colônia, na Alemanha, será informado de que ali repousam os restos dos reis magos. 

De acordo com uma tradição medieval, os magos teriam se reencontrado quase 50 anos depois do primeiro Natal, em Sewa, uma cidade da Turquia, onde viriam a falecer. Mais tarde, seus corpos teriam sido levados para Milão, na Itália, onde permaneceram até o século 12, quando o imperador germânico Frederico dominou a cidade e trasladou as urnas mortuárias para Colônia. 

"Não sei quem está enterrado lá, mas com certeza não são eles", diz o teólogo Jaldemir Vitório, do Centro de Estudo Superiores da Companhia de Jesus, em Belo Horizonte. "Mas isso não diminui a beleza da simbologia do Evangelho de Mateus ao narrar o nascimento de Cristo." Afinal, devemos aos magos até a tradição de dar presentes no Natal. No ritual da antigüidade, ouro era o presente para um rei. Incenso, para um religioso. E mirra, para um profeta (a mirra era usada para embalsamar corpos e, simbolicamente, representava a mortalidade).