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Na verdade, com o festival de chacinas que se assiste diariamente nos telejornais, com gente morrendo por todos os lados, era mesmo de se esperar que todo mundo já soubesse que também pode e vai morrer. A qualquer momento.
Infelizmente não é assim. Morrer continua a ser uma idéia vaga e absurda para a maioria das pessoas. Algo que só se vê, de verdade, nos telejornais e em lugares muito distantes. Na vida real, só ocorre mesmo com o vizinho… De preferência, com os mais chatos. Com a gente, nunca! Vivemos como se todos nós tivéssemos sido hipnotizados por um mago para acreditarmos que vamos durar para sempre.
Por isso a gente adia tanto, tudo, o tempo inteiro. O projeto de ser feliz, a mudança de emprego, de cara, de cidade, de par amoroso. Deixa para uma hora mais propícia, menos problemática, mais oportuna e menos inadequada. Sempre para daqui a algum tempo, quando a gente tiver mais dinheiro, quando a gente se aposentar, quando os filhos crescerem, quando tivermos uma folga, quando a economia se normalizar.
Antes de mais nada, é preciso sobreviver, ganhar dinheiro, fazer sucesso – pensa a maioria. A vida mesmo vai ficando para depois, quando todas essas coisas tão mais importantes já estiverem equacionadas e resolvidas. O problema é que vida não entende essa linguagem de adiamento. “Oportuno” e “adequado” são palavras sem nenhum significado para o ritmo da vida. Vida é como sorvete debaixo de sol quente: – ou você toma na hora ou vai ficar chupando dedo. Vida é um negócio de “aqui” e “agora”, de extrema premência e necessidade.
Eu sempre achei muito engraçado as pessoas usarem esse verbo “sobreviver” em lugar de “viver”. Sobreviver significa continuar a viver depois que aconteceu algum sinistro grave, como um incêndio de grandes proporções ou a queda de um avião. Constatado que a pessoa não tem nenhuma ocorrência deste tipo em seu prontuário, conclui-se que a tragédia, da qual ela escapou ilesa (e porisso está condenada a viver) foi ter nascido…
A maior tragédia que pode acontecer a alguém é passar pela vida sem viver. Nenhuma justificativa justifica perder a chance de estar vivo, de existir, de experimentar cada momento – escasso e passageiro – que se tem neste mundo. Nem um grande negócio. Nem todo o dinheiro do mundo. Nem um sucesso de arrebentar a boca do balão. Viver a vida é o item básico na cesta básica de qualquer pessoa.
Pra encurtar conversa, já que essa ladainha pode ir muito longe: com a vida é assim, ou você faz agora, já, com os recursos que tem, ou esquece.”
por Geraldo Souza
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